Saudações, paradoxos e paradoxas!
Hoje vou filosofar um pouco, vou falar sobre o paradoxo da cerca e sua relação com o mundo dos investimentos.
Comecemos pela definição de paradoxo da Wikipédia:
Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum. Em termos simples, um paradoxo é “o oposto do que alguém pensa ser a verdade”.
E o que é o paradoxo da cerca?

Pessoas e organizações tem diferentes percepções de risco. Alguns tomadores de risco podem cair, o que é parte do jogo, mas ninguém fica feliz se alguém cai ou falha. Entretanto, o mercado não dá bola, é parte do trabalho dele.
Só que as autoridades, os reguladores não gostam de risco. Eles sentem que podem perder a confiança das pessoas, e também os seus votos. Então eles constroem cercas, ou seja, criam regulações, regulações e mais regulações, visando proteger as pessoas dos riscos.
O problema é que as cercas fazem as pessoas subestimarem os riscos. Elas se sentem seguras, bastante seguras. As barreiras modificam a nossa percepção de risco, e fazem as pessoas acreditar cada vez mais na segurança da cerca.
Só que uma hora a cerca quebra, e muitos caem pelo abismo, não apenas um. Nós nos sentíamos seguros, mas estávamos errados.
Muitas regulações financeiras nos dão a sensação de segurança. Com o objetivo de evitar os riscos, nós construímos cercas, e elas nos dão um sentimento de segurança, muita segurança. Ficamos superconfiantes. Nós então esquecemos dos riscos que tentamos evitar, e então caímos.
As regulações do sistema financeiro frequentemente são cercas que, construídas com a intenção de nos proteger dos riscos, faz com que esqueçamos deles.
No caso do Brasil, o caso mais emblemático é do FGC, o Fundo Garantidor de Crédito. Com a sua existência, as pessoas passaram a ignorar constantemente o risco de investir em instituições financeiras que vão mal das pernas, confiando cegamente no FGC. Foi em função deste comportamento dos investidores que o fundo mudou as regras de proteção em 2017, reduzindo o limite de cobertura por investidor, ou seja, diminuindo o tamanho da cerca, para que as pessoas tenham melhor noção do abismo que está logo a frente.
Esse paradoxo da cerca também explica em parte o comportamento das pessoas nas bolhas e nos esquemas de pirâmide. Ao verem que outras pessoas estão investindo naquilo e tendo lucros, elas acreditam que é uma coisa segura, garantida, que não haverá mudanças. Com isso, ela investe sem pensar direito nos riscos que está correndo.
A conclusão é que por melhor que seja a cerca, não confie sua segurança nela. Sempre conheça bem os riscos antes de fazer seus investimentos, de preferência diversificando bastante onde aplica seu dinheiro.
Até a próxima!
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Olá Marcelo!
Que legal esse conceito, não tinha ouvido falar dele antes. Esse paradoxo me lembrou um conceito importante sobre segurança da informação que é o “false sense of security,” onde um usuário desinformado é iludido que produto ou plataforma X é completamente seguro, uma bala de prata, e que não precisa se preocupar só porque X se auto-entitula seguro, ou se apresenta seguro por fora. Esse exmplo é evidente em software como Antivírus (se tem tá seguro, né não??) ou plataformas de pagamento (tem o cadeadinho lá, tem que ser seguro né?).
E também nem todo mundo se dá conta que o FGC por fim é uma empresa privada, e que mesmo com a garantia, se muitas empresas emissoras quebrarem ao mesmo tempo, pode não ser possível ressarcir todo mundo.
Abraços e seguimos em frente!
Pinguim Investidor
https://pinguiminvestidor.com
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